Aspectos fisiopatológicos da inflamação e o planejamento de fármacos: uma visão geral atualizada
Palavras-chave:
inflamação, planejamento racional de fármacos, química medicinal, anti-inflamatórios não-esteroidaisResumo
A inflamação é uma reação natural do organismo a danos, injúria ou lesões teciduais devidas à presença de um corpo estranho, trauma, infecções, reações imunológicas e necrose tecidual. Por ser uma resposta protetora, a instalação e progressão da inflamação envolve células imunes, vasos sanguíneos e uma série de mediadores moleculares. Uma vez iniciado, o processo inflamatório está associado à liberação de substâncias químicas como as citocinas e quimiocinas (e.g. TNF-α, lipoxinas, cininas, prostaglandinas, leucotrienos) e proteínas de sinalização celular no ambiente tecidual e células migratórias. Como resultado de um vasto conhecimento acumulado por décadas de pesquisa e descobertas nos campos da fisiologia e biologia molecular, a partir da década de 1980 surge uma visão mais abrangente do processo inflamatório, passando a reconhecê-lo como decorrente de uma complexa rede eventos bioquímicos e celulares interconectados, atuando como força motriz associada a várias doenças crônicas, incluindo a obesidade, diabetes, arteriosclerose, câncer e distúrbios neurodegenerativos, como as doenças de Parkinson (DP) e de Alzheimer (DA), responsáveis atuais pela morte em larga escala da humanidade. Ao longo dos anos, a intervenção medicamentosa e a pesquisa por novos fármacos tem sido focadas na busca por antiinflamatórios não-esteroridais, de menor toxicidade, e que atuem principalmente sobre a cascada do ácido araquidônico, mais especificamente na inibição das enzimas COX-1, COX-2 e 5-LOX, modulando a produção de prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. Mais recentemente, a necessidade de fármacos mais eficazes, menos tóxicos e específicos para determinados quadros inflamatórios vem direcionando as pesquisas para o desenvolvimento de fármacos capazes de atuarem sobre outros mediadores inflamatórios como as interleucinas, o TNF-α, óxido nítrico e proteínas relacionadas à apoptose, levando à descoberta de novos candidatos a fármacos com diferentes mecanismos de ação, podendo ainda atuarem em múltiplos alvos na inflamação.
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