Isolamento de alquenonas da fração lipídica em sedimentos do talude sudeste brasileiro

Autores

  • Letícia Gomes Luz Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio

Palavras-chave:

isolamento de alquenonas, sedimento, aduto de ureia, íons de prata impregnados em SiO2, 14C-alquenonas

Resumo

Alquenonas ou cetonas insaturadas de cadeia longa (C36-C39) são uma categoria de lipídios produzidos exclusivamente por uma classe de fitoplâncton marinho (algas haptófitas) presentes nas camadas superficiais dos oceanos. Estes compostos são biomarcadores (proxies moleculares) tradicionalmente utilizados em reconstruções paleoceanográficas através das proporções entre seus compostos mais abundantes (alquenonas C37) ou da determinação da sua composição isotópica específica, que é dependente de um isolamento adequado dos compostos lipídicos. Amostras de dois testemunhos sedimentares coletados no talude continental sudeste brasileiro foram utilizadas para aplicar uma metodologia de isolamento das alquenonas. As etapas de isolamento, a partir da extração orgânica do sedimento, contemplam a formação de aduto de ureia e cromatografia de coluna de sílica gel impregnada com íons de prata. Os resultados de cada fase de isolamento de alquenonas foram monitorados por cromatografia gasosa com detector de ionização por chama (CG/DIC) e as frações isoladas foram injetadas em um espectrômetro de massas com aceleradores (AMS) para análise radiométrica. A metodologia de purificação se apresentou eficiente para isolar as alquenonas de forma adequada para a análise isotópica, com baixo teor de compostos interferentes (< 2,0%) e elevada recuperação global (89,3%). As perdas ao longo do processo, inferior a 11%, ocorreram especialmente na etapa de Ag+-SiO2 (7,0%). Ao longo das etapas de isolamento verificou-se uma perda preferencial das cetonas C37 sobre as C38 e das C37:3 sobre as C37:2. Esta remoção é confirmada pela falta de correlação significativa (p < 0,05) entre a fração antes do isolamento e a fração isolada tanto dos valores de ΣC37/ΣC38 quanto de U_37^(K´) (C37:2/C37:2 + C37:3), o que indica que este índice de paleotemperatura não deve ser avaliado a partir da fração isolada. As massas finais de cetonas isoladas (12,2-55,2 µg de alquenonas) adquiridas no processo de purificação possibilitaram a determinação do radiocarbono das alquenonas, ferramenta importante que pode ser usada para avaliar processos paleoambientais.

Biografia do Autor

Letícia Gomes Luz, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio

Letícia Luz, MSc. Oceanógrafa Doutoranda em Química Analítica Especialista em Meio Ambiente

Publicado

07-03-2019